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Como a crise de refugiados pode aparecer nos vestibulares e Enem

Mundo vive atualmente a mais grave crise de refugiados desde a Segunda Guerra Mundial

Por Redação do Guia do Estudante
Atualizado em 20 jun 2017, 14h12 - Publicado em 21 set 2015, 18h08

*Texto Fábio Sasaki

Como a crise de refugiados pode aparecer nos vestibulares e EnemRefugiados comemoram a travessia da fronteira da Servia para a Hungria / Foto: Christopher Furlong/Getty Images

– Confira o dossiê sobre migração e saiba tudo sobre o tema

O mundo vive atualmente a mais grave crise de refugiados desde a Segunda Guerra Mundial. A Organização das Nações Unidas (ONU) estima que mais de 300 mil pessoas tentaram cruzar o Mar Mediterrâneo para chegar à Europa em 2015. A maioria dos migrantes vem da África e do Oriente Médio, fugindo de perseguições políticas e guerras, como a que castiga a Síria desde 2011. Mas nem todos conseguem chegar ao seu destino final. A travessia é perigosa, feita em embarcações precárias geralmente superlotadas. Em 2015, cerca de 2,5 mil pessoas já morreram afogadas no Mar Mediterrâneo. Entre as vítimas está o garoto sírio Aylan Kurdi. A imagem de seu corpo estendido na praia turca de Bodrum comoveu o mundo e chamou a atenção para o drama dos refugiados.

Os países europeus têm dificuldade em lidar com este enorme fluxo de estrangeiros e tentam estabelecer uma ação coordenada para receber os refugiados. Os migrantes geralmente aportam na Europa pela Grécia ou pela Itália e, de lá, muitos tentam chegar à Alemanha. O país mais próspero da União Europeia prometeu abrigar 800 mil refugiados em 2015, a maioria sírios. No entanto, para chegar até a Alemanha, os migrantes precisam atravessar diversos países, onde nem sempre são bem recebidos. Em nações como Hungria, Eslovênia e Áustria, os governos resistem em deixar que os estrangeiros cruzem as fronteiras e dificultam sua movimentação pelo continente, agravando a crise.

Como você pode perceber, a migração internacional é um dos temas mais quentes da atualidade. Na verdade, a crise que afeta a Europa já se desenvolve há alguns anos e tem sido explorado com alguma frequência por vestibulares como a Fuvest e pelo Enem. Com a exposição que ganhou na mídia em 2015, o tema não deve passar em branco pelos exames mais importantes do país.

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Como a crise de refugiados pode aparecer nos vestibulares e EnemMigrantes refugiados aguardam em área perto da fronteira da Croácia / Foto: David Ramos/Getty Images

Além de se tratar de um assunto urgente, a atual crise migratória é um fenômeno bastante complexo, que se entrelaça com diversas questões contemporâneas. Os examinadores podem formular questões que relacionem o drama dos refugiados com alguns dos seguintes temas:

Geopolítica: A maioria dos migrantes que chegam atualmente na Europa são sírios que fogem da guerra. O conflito envolve diversos interesses geopolíticos no Oriente Médio entre os países que apoiam o regime do ditador sírio Bashar al-Assad e as nações que querem derrubá-lo. Além disso, o cenário caótico na Síria e no Iraque permitiu o fortalecimento de organizações extremistas como o chamado Estado Islâmico (EI).

Demografia: A taxa de natalidade em muitos países na Europa está entre as mais baixas do mundo, o que deve gerar pressões demográficas no futuro. Com o envelhecimento da população e o baixo índice de fecundidade, a perspectiva é que, em países como a Alemanha, haja uma diminuição da população, o que também afetaria o número de trabalhadores ativos para manter a produção e sustentar a previdência. Diante dessa perspectiva, a chegada dos migrantes pode ajudar a reverter a queda populacional e manter a economia girando nos próximos anos.

Crise econômica: Muitos países europeus ainda não se recuperaram da crise econômica que atingiu o continente em 2008. A taxa de desemprego em países como Grécia e Espanha supera os 20%. Neste cenário, os migrantes são vistos pelos setores mais xenófobos da sociedade como concorrentes na disputa pelas poucas vagas no mercado de trabalho. Muitos partidos de extrema-direita vêm se apoiando neste discurso para ganhar eleitores insatisfeitos com a crise.

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Choque cultural: A adaptação dos migrantes muçulmanos na sociedade europeia é outro tema relacionado à atual crise. Na França, o uso do véu islâmico em lugares públicos é vetado e a Suíça proíbe os minaretes (torres no alto das mesquitas para chamar os fieis para as orações). Sem conseguir integrar-se entre os europeus, muitos migrantes acabam vivendo de forma segregada, na periferia de grandes cidades como Paris. Além disso, o governo de países como a Hungria resiste em permitir o ingresso maciço de refugiados muçulmanos, alegando que é preciso defender as raízes e os valores cristãos da Europa.

Globalização e tecnologia: O tema da migração também pode ser explorado nos vestibulares a partir da ótica da globalização. O desenvolvimento tecnológico permitiu avanços nos meios de transporte e de comunicação que ajudou a intensificar os movimentos migratórios. A facilidade das transferências bancárias, por exemplo, permite a um imigrante africano que mora na Europa enviar parte de seu salário mensalmente para ajudar os familiares que vivem em sua terra natal.

História: Os movimentos migratórios fazem parte da história da humanidade desde que o homo erectus deixou a África rumo à Europa e à Ásia há 1,8 milhão de anos. Com as grandes navegações, nos séculos XV e XVI, o fenômeno se intensificou e no período entre o final do século XIX e início do século XX ocorreu a maior migração em massa da história. Os examinadores podem cobrar nas provas as principais relações entre os fluxos migratórios históricos e atuais.

Brasil: O Brasil é uma nação formada por imigrantes – dos portugueses, que chegaram aqui a partir de 1500, passando pelos africanos trazidos como mão de obra escrava, até a onda de europeus, japoneses e árabes que chegou ao país entre o final do século XIX e início do século XX. Atualmente, o país vem recebendo imigrantes de países vizinhos como Bolívia e Paraguai, além de africanos e haitianos. O governo também está concedendo asilo a milhares de sírios que chegam aqui desde 2013. Durante seus estudos, vale a pena estabelecer comparações entre a situação dos refugiados no Brasil e na Europa.

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