No começo dessa semana, Obama fez o anual discurso do Estado da União ao povo norte-americano, na presença do Congresso dos Estados Unidos. É um dos eventos políticos mais esperados pela população e pela mídia, pois é o momento em que presidente reporta em quais condições o país se encontra e também apresenta sua proposta legislativa e as prioridades nacionais aos congressistas. Essa tradição está firmada na Constituição dos Estados Unidos e é cumprida desde 1790, inaugurada pelo então presidente George Washington.
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“A sombra da crise passou”, avisou Obama. Depois de enfrentar anos difíceis, a economia norte-americana mostra sinais de recuperação com o aumento da taxa de emprego e a queda da inflação. O foco para 2015, de acordo com Obama, deve ser a classe média, tanto que a maioria das propostas fez muita gente do partido republicano torcer o nariz, como a ideia de mais impostos para os mais ricos e o aumento do salário mínimo. “O veredito é claro. Economia voltada para a classe média funciona. A expansão de oportunidades funciona. E essas políticas continuarão a funcionar, desde que os políticos não fiquem no caminho”, disse o presidente, em uma clara alusão ao impasse que ele vive atualmente para conseguir a aprovação de suas propostas pelo Congresso, formado por uma maioria de políticos republicanos, rivais do seu Partido Democrata.
Só para mostrar a preocupação de Obama de se conectar com o público alvo da maioria de suas propostas, o site HuffingtonPost contou a incidência de palavras no discurso ligadas à classe média. Segundo a análise, o presidente mencionou “classe média” pelo menos sete vezes e elogiou os “trabalhadores” no mínimo nove vezes enquanto lançava as propostas. Ele mencionou “famílias” 16 vezes.
Confira abaixo 8 pontos do discurso que você deve prestar atenção:
Aumento dos impostos para os mais ricos: Foi feita a proposta ao Congresso de aumentar a taxação sobre os ganhos de capital dos mais ricos, o fim de isenções sobre a transferência por herança de investimentos e a criação de uma taxa a ser paga pelas maiores instituições financeiras do país. Obama pretende usar o dinheiro extra arrecadado para ampliar benefícios para a classe média e os trabalhadores (oferta de creches mais baratas e licença-remunerada para casos de doenças).
Aumento do salário mínimo e igualdade de salários entre homens e mulheres: Além de propor o aumento no salário mínimo, Obama relembrou que as mulheres são quase metade da força de trabalho nos Estados Unidos e que um número crescente delas são chefes de família e, mesmo assim, elas ainda ganham menos que os homens. Em 2014, o presidente assinou uma ordem executiva para o pagamento igualitário e agora chamou a atenção do Congresso para o problema que afeta não apenas as mulheres, mas todos nas famílias. A maioria republicana não aplaudiu essas ideias.
Estímulo a faculdades comunitárias: Obama propôs acesso gratuito nos dois primeiros anos para estudantes em faculdades comunitárias. A proposta custaria U$ 60 bilhões ao longo de dez anos e beneficiaria mais de 9 milhões de pessoas.
Investimento em infraestrutura: Obama propôs a aprovação de um plano bipartidário de infraestrutura que estabeleça o financiamento necessário para a modernização de portos, estradas, ferrovias, pontes e internet.
Questão climática: Obama quer aumentar os esforços contra o aquecimento global. O presidente lembrou o encontro que teve com líderes da China para elaborar um plano em conjunto de controle a emissão de poluentes na atmosfera.
Reatando laços com Cuba: Depois de conversas no início do ano sobre uma reaproximação diplomática com Cuba, Obama voltou a pedir ao Congresso a revogação do embargo econômico sobre a ilha, em vigor desde 1960.
Ataques cibernéticos: Depois do impacto da invasão por hackers da rede da Sony Pictures e de contas do Comando do Pentágono no Twitter e no YouTube, o presidente pediu ao Congresso que aprove leis de combate a ataques cibernéticos e ao roubo de identidades, sob o risco de deixar a economia vulnerável caso nada seja feito.
Combate ao terrorismo: A escalada de ataques terroristas acendeu o sinal vermelho na política externa dos Estados Unidos. Obama pediu aos congressistas que passem nova resolução autorizando o uso da força contra o Estado Islâmico na Síria e no Iraque.