Revista francesa que publicou caricatura de Maomé sofre ataque terrorista
O blog Atualidades retoma suas atividades para falar sobre um fato triste que ocorreu nesta quarta-feira (7): o ataque à revista francesa ”Charlie Hebdo”, que tirou a vida de 12 pessoas (entre elas oito jornalistas). No entanto, queremos antes compartilhar com nossos leitores uma boa notícia: em 2015, o site GUIA DO ESTUDANTE dará especial atenção às atualidades. Sabemos da importância de se manter em dia com elas em época de vestibular e também da dificuldade de se encontrar informações relevantes e explicadas de maneira simples para esse fim específico. Para o vestibular, não basta ler notícias – é preciso entender o que elas significam em um contexto maior. E é especialmente nesse aspecto que vamos tentar ajudar. Sugerimos que vocês façam uma leitura crítica dos acontecimentos e debatam os temas com os colegas – e na seção de comentários deste blog. Além disso, saibam que nossos canais de comunicação estão abertos para as suas sugestões. Se quiserem que falemos de algum tema específico, é só pedir nos comentários ou enviar um e-mail para as autoras do blog. Agora vamos ao acontecimento.
(Imagem: Rob Stothard/Getty Images)
Em 2012, a revista ”Charlie Hebdo” criou polêmica ao publicar caricaturas do profeta Maomé, criador e figura sagrada do islamismo. Na época, sua sede foi incendiada e as autoridades francesas tiveram trabalho para lidar com a situação, chegando a anunciar o fechamento de suas embaixadas e escolas em 20 países. A publicação, que nasceu em 1970, já enfrentava ameaças desde 2006 e seus colaboradores passaram a viver sob proteção policial. Isso porque, naquele ano, ela reproduziu a polêmica série de charges, também de Maomé, inicialmente publicadas na revista dinamarquesa Jyllands-Posten. Mas os muçulmanos não eram o único alvo de suas sátiras: houve tantos processos de igrejas, empresários, ministros e famosos que a revista saiu de circulação em 1981, só voltando em 1992.
Esse contexto é relevante para tentarmos entender o que aconteceu agora. Nesta quarta, a mesma revista sofreu um atentado sem precedentes: dois atiradores encapuzados invadiram o prédio onde está sua sede e mataram doze pessoas, deixando outras várias feridas. Entre as vítimas fatais estão o diretor da revista e chargista Charb (Stéphane Charbonnier) e outros três desenhistas: Georgers Wolinski, Cabu (Jean Cabut) e Tignous (Bernard Verlhac). Ainda não se sabe quem foram os autores do ataque nem o que os motivou. Segundo o site do jornal “Metronews”, os suspeitos são três homens de 34, 32 e 18 anos com antecedentes por cooperação com redes jihadistas.
Repercussão
O presidente da França, François Hollande, declarou: “Um ataque foi cometido contra um jornal, contra jornalistas que sempre quiseram mostrar que podiam agir, na França, para defender suas ideias”. Assem Shalaby, presidente da Associação de Editores Árabes, disse que “este ataque perverso é contrário aos princípios do Islã e à mensagem de seu profeta” e Ibrahim El Moallem, presidente da Dar El Shorouk, a maior editora de livros árabes, acrescentou: “Este é um horrível crime cometido contra a humanidade, a liberdade de expressão, o Islã e os muçulmanos”.
Milhares de pessoas foram às ruas na Europa para protestar contra o atentado e declarer seu apoio à revista, muitos com cartazes que traziam a frase: “Je suis Charlie” (“Eu sou Charlie”).
Por que é importante
Esse acontecimento rende algumas reflexões. Independentemente de quem forem os autores do ataque, o histórico de processos e ameaças sofridos pela revista, bem como sua posição diante delas, já leva a uma reflexão sobre a liberdade de expressão e o respeito a diferentes culturas. A presença muçulmana na história leva a uma reflexão sobre as relações do Ocidente com essa religião – e, para isso, é fundamental estudar as origens do islamismo e do fundamentalismo islâmico contemporâneo. Para os dois últimos pontos, indicamos os seguintes links:
– Descubra as origens do fundamentalismo islâmico contemporâneo
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