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Decisão do prefeito de São Paulo, João Dória, de apagar um mural com diversos grafites lança um novo debate sobre a arte urbana
Por Fabio Sasaki
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27 jan 2017, 13h05
A decisão do prefeito de São Paulo, João Dória, de pintar de cinza um grande mural com diversos grafites na Avenida 23 de Maio vem causando grande polêmica. Manifestação artística contemporânea e essencialmente urbana, o grafite ganhou as ruas das principais metrópoles mundiais. Em muitos casos, o conjunto de pinturas formam verdadeiras galerias a céu aberto. Ao lado de cidades como Nova York e Berlim, São Paulo é considerada uma das capitais mundiais do grafite.
Além de quebrar a monotonia cinza dos centros urbanos, com suas cores vibrantes, o grafite também se consolidou como uma forma direta de expressão política. Muitos painéis chamam a atenção para problemas contemporâneos de forma bela, ousada e criativa. Por se tratar de um tipo de comunicação que trabalha com símbolos e metáforas, os grafites também costumam ser abordados em questões de vestibulares, em especial na prova de Linguagens e Códigos do Enem.
Veja na galeria abaixo cinco exemplos de grafites que trazem interessantes mensagens políticas:
1/5 Este é um dos mais famosos grafites do mundo, pintado em um trecho do muro de Berlim. A imagem mostra os estadistas Leonid Brezhnev, presidente da União Soviética, e Erich Honecker, premiê da Alemanha Oriental. A pintura, na verdade, é uma reprodução de uma foto tirada em 1979, na qual os dois estadistas dão o chamado “beijo fraterno”, um cumprimento típico entre comunistas. Já o grafite, intitulado “Meu Deus, Ajuda-me a Sobreviver a Este Amor Mortal”, foi feito pelo russo Dmitri Vrubel em 1990, quando diversos grafiteiros foram convidados a pintar em partes do Muro de Berlim que ficariam de pé. O beijo entre os dois líderes comunistas, pintado em um símbolo da divisão entre os mundos capitalistas e socialistas, não deixa de ser uma criativa sacada irônica. (foto: Adam Berry/Getty Images) ()
2/5O grafite de Berlim ainda influencia as novas gerações. Na fachada deste bar em Vilnius, capital da Lituânia, a imagem do “beijo fraterno” inspirou este grafite que mostra os presidentes da Rússia, Vladimir Putin, e dos Estados Unidos (EUA), Donald Trump. O beijo da imagem original é substituído por uma baforada de maconha de Trump na boca de Putin. O grafite, com grande dose de ironia, revela o temor da população da Lituânia em relação a uma possível intervenção da Rússia para anexar o país. A aproximação entre Putin e Trump é vista com preocupação, uma vez que o presidente norte-americano poderia abrir mão de defender a Lituânia em caso de uma invasão russa. (foto: Sean Gallup/Getty Images) ()
3/5Este grafite foi feito em 2015, em Atenas, capital da Grécia, às vésperas de um referendo em que os eleitores decidiriam se o governo deveria adotar uma série de medidas de austeridade impostas pelos credores internacionais. O grafite em azul com as estrelas douradas representa a bandeira da União Europeia. No centro, está a palavra “nein”, que significa não em alemão, com o “e” representado pelo símbolo do euro, a moeda europeia. O fato de a palavra estar grafada em alemão é uma mensagem às autoridades da Alemanha, o país que mais pressionou a Grécia a adotar as reformas, e um clamor para que a população não aceite as medidas econômicas. (foto: Milos Bicanski/Getty Images) ()
4/5Este grafite é do britânico Banksy, um dos mais renomados artistas contemporâneos, ainda que sua verdadeira identidade seja desconhecida. A imagem é de 2005 e nos mostra a enorme barreira que separa Israel dos territórios palestinos na Cisjordânia, em Ramallah. A silhueta de uma garota segurando balões infláveis é simples em sua crítica à construção do muro e ao mesmo tempo criativa em relação ao desejo de ultrapassar essa barreira imposta pelas autoridades israelenses. (foto: Marco Di Lauro/Getty Images) (Marco Di Lauro/Getty Images)
5/5Neste outro grafite do artista britânico Banksy, a imagem nos mostra uma criança em uma máquina de costura, produzindo bandeiras do Reino Unido. A pintura foi feita na parede de uma loja de artigos populares, no norte de Londres. Muitas confecções em países em desenvolvimento, principalmente do sudeste asiático, exploram o trabalho infantil e vendem seus produtos para famosas redes varejistas nas nações mais ricas. O grafite de Banksy é uma clara crítica a esta situação. (foto: Peter Macdiarmid/Getty Images) ()