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Professores ainda estão inseguros para a volta às aulas, diz pesquisa

O receio é maior nos professores da rede pública, que temem não conseguir fazer valer o distanciamento social necessário em sala de aula

Por Juliana Morales
15 out 2021, 18h27
Professor ajudando aluno
 (Getty Images/Reprodução)
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Com o avanço da vacinação no Brasil, estamos finalmente acompanhando a queda da média móvel de casos e mortes decorrentes de covid-19 no país. Nesse cenário, mais escolas estão reabrindo seus portões depois de um longo período de ensino remoto. No início desta semana, o estado de São Paulo anunciou que a volta às aulas presenciais será obrigatória no estado a partir do dia 18 de outubro em toda a rede estadual de ensino.

Apesar da sensação de recomeço e de volta a certa “normalidade”, os profissionais da educação, de forma geral, ainda se sentem inseguros com o retorno às aulas presenciais. É o que mostra a pesquisa da Nova Escola, tradicional instituição que produz conteúdos e serviços para educadores brasileiros. Dos 4 mil entrevistados, 79,5% disseram que já retornaram ao trabalho presencial, ainda que de forma híbrida.

Quando questionados sobre como classificam o seu sentimento em relação ao nível de segurança no retorno, em uma escala entre 0 e 6 (onde 0 é ‘muito inseguro’ e 6 é ‘muito seguro’), a média foi de 2,8. Do total, 40,4% se sentem “inseguros”, 40,6% “nem inseguros e nem seguros” e 19,1% se consideram “seguros”. 

A insegurança fica mais evidente na comparação entre professores da rede pública e da rede privada. Os níveis de segurança com o retorno presencial de professores da rede privada são mais elevados: 26% se dizem seguros, 69,4% nem seguros nem inseguros e 30,57% inseguros. Já na rede pública 42,68% se dizem inseguros, 39,9% nem seguros nem inseguros e apenas 17,4% seguros.

A pesquisa foi respondida entre os dias 31 de agosto e 10 de setembro nos canais da Nova Escola por 4.004 profissionais da Educação, entre professores, diretores de escola e coordenadores pedagógicos de escolas municipais, estaduais e particulares. O questionário foi disponibilizado para todos os estados da Federação e só o estado de Rondônia não enviou as respostas. 

O que traz essa insegurança?

De acordo com Ana Ligia Scachetti, Gerente Pedagógica da Nova Escola, os professores convivem com interrupções por conta de casos de Covid-19 na escola e, em alguns lugares, enfrentam a falta de material de proteção e de limpeza. Isso, somado ao fato das crianças e a maioria dos jovens brasileiros ainda não estarem vacinados, gera grandes preocupações nos profissionais da educação.

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Em especial na educação infantil, Ana Ligia conta que muitos professores trazem para a discussão a dificuldade em manter distanciamento com crianças pequenas. Além da dificuldade que é diferenciar gripe, resfriado ou covid em crianças. Os pais podem  achar que o filho tem um resfriado, enviá-lo para a escola e o quadro pode ser algo mais grave. 

Saúde mental dos professores

Apesar de ainda existir o sentimento de insegurança, ainda segundo o levantamento, a saúde emocional dos educadores  melhorou em 2021 na comparação com 2020. A pesquisa revelou que quase metade dos profissionais da Educação Básica (47,8%) avaliam que a saúde mental hoje está “boa” ou “excelente”. Em 2020, eram somente pouco mais do que um quarto (26%). 

Segundo análise de Ana Lígia, essa melhora na saúde emocional dos professores pode ter ligação com o fato desses profissionais terem se adaptado e criado ferramentas para lidar com a situação atípica que a pandemia causou.

Mas, infelizmente, a maioria dos educadores segue sem suporte profissional para cuidar da saúde mental. O percentual de respondentes que disse não contar com apoio psicológico foi praticamente o mesmo da pesquisa de 2020: 73% neste ano contra 72% no ano anterior. Os motivos mais citados por quem não faz tratamento psicológico são a falta de condições financeiras (31,7%), não ter tempo disponível (18%) e não acreditar que é importante para si (12,7%).

Retrospectiva

Em maio de 2020, quando estávamos cerca de seis semanas em isolamento social por conta da pandemia, o GUIA publicou uma reportagem sobre uma pesquisa do Instituto Península, que tratava dos desafios dos professores durante a quarentena e a adaptação para o ensino à distância. Na época, segundo o levantamento, 83% dos professores ainda se sentiam despreparados para dar aulas online.

A pandemia não cessou rapidamente como esperávamos quando saiu essa pesquisa. De lá para cá, alunos e professores precisaram se adaptar, driblando grandes dificuldades do ensino remoto, como a falta de acesso à internet. Hoje, a preocupação maior é em relação à segurança e na adaptação para o retorno presencial.

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Na reportagem de maio, especialistas entrevistados pelo GUIA falaram da importância do cuidado emocional dos profissionais da educação. Eles, assim como os estudantes, passaram e estão passando por todas as incertezas e ansiedades provocadas pela pandemia. Além da vida escolar, professores precisaram gerenciar a própria casa e cuidar dos filhos em meio ao caos.

Embora estejamos em circunstâncias diferentes do começo da pandemia, vale ressaltar a necessidade de suporte psicológico para os professores nessa volta e no pós-pandemia.

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