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Por que o acesso de estudantes à internet deveria preocupar o MEC

O ensino a distância, forçado pela pandemia, gerou ainda mais desigualdade e vai precisar de reparação

Por Juliana Morales
Atualizado em 25 set 2020, 15h42 - Publicado em 25 set 2020, 15h37
 (Reprodução/iStock)
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Na quinta-feira (24), o ministro da Educação, Milton Ribeiro, disse, em entrevista ao jornal Estadão, que pessoas homossexuais são fruto de “famílias desajustadas”. Como mostrou o GUIA, ele deve ser acionado no Superior Tribunal Federal por homofobia.  O ministro ainda defendeu que o retorno às aulas presenciais e os problemas de acesso à internet dos estudantes não são responsabilidades da sua Pasta. Segundo ele, cabe aos estados e municípios garantir o ensino remoto durante a pandemia.

Esses problemas em relação à falta de internet (e de equipamentos tecnológicos), citados pelo ministro, aliás, são muitos. Segundo a pesquisa TIC Domicílios 2019, 71% dos domicílios brasileiros têm acesso à internet. Esse número dividido por classe social evidencia a desigualdade: 99% das casas de classe A têm internet, 95% na B, 80% na C, enquanto na classe DE o número cai para 50%.

A discrepância também fica evidente na TIC Educação 2019, que aponta que 39% dos estudantes de escolas públicas urbanas não têm computador ou tablet em casa. Enquanto esse índice nas escolas particulares é de 9%.

Essas barreiras tecnológicas, somadas às questões emocionais geradas pelo momento atípico e difícil, já vêm prejudicando os estudantes. Uma matéria do GUIA falou como os jovens do ensino médio estão se sentindo despreparados e pensando em desistir de prestar o Enem deste ano, porque não obtiveram os resultados desejados no ensino remoto. Também já abordamos aqui que o desafio para alfabetizar se tornou ainda maior com a pandemia. Outra grande preocupação é o aumento da evasão escolar e um cenário de desolação no retorno às aulas presenciais.

Saídas

Lançada em abril, pelo Todos pela Educação, a nota técnica “Ensino a Distância na Educação Básica frente à pandemia da Covid-19” alertava que “para enfrentar o risco da ampliação de desigualdades, ao lançar mão de estratégias de ensino a distância, é preciso entender que a disposição de recursos tecnológicos é heterogênea entre os alunos e que aqueles que já têm desempenho acadêmico melhor tendem a se beneficiar mais das soluções tecnológicas”.

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Pensando nisso, a nota trazia como caminho “medidas de ensino a distância que não exigem uso da tecnologia (como o envio de livros e materiais impressos e orientações às famílias para estímulo das crianças e jovens)”. Além de “considerar que o dispositivo mais utilizado para acesso à internet pelos brasileiros é o telefone celular, e que o rádio e a televisão são os veículos de maior alcance”.

Ao longo da quarentena, alguns estados aderiram a essas saídas. Maranhão e Paraná, por exemplo, implementaram teleaulas, transmitidas pela TV aberta, que valem como horas de dias letivos, segundo o Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed).

Segundo a pesquisa “Sentimento e percepção dos professores brasileiros nos diferentes estágios do Coronavírus no Brasil”, do Instituto Península, o WhatsApp tem sido forma de contato mais usada pelos docentes durante a quarentena, com 83%, seguida pelas redes sociais, em segundo lugar. Somente na rede privada que os ambientes virtuais de aprendizagem (AVA) ganham espaço frente a essas ferramentas. 

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Apesar dos esforços para amenizar as problemática do ensino a distância, incluindo projetos muito bacanas, estados, municípios e o MEC precisam encontrar maneiras efetivas de recuperar as lacunas desse período que, para alguns, foi só distante das escolas. E, para muitos, foi distante de todo tipo de contato com o ensino.

“É preciso ter expectativas realistas quanto às diversas soluções existentes, sabendo que elas são importantes alternativas no atual momento, mas não suprirão todas as necessidades acadêmicas esperadas e previstas nos currículos”, ressalta a nota do Todos Pela Educação.

 

 

 

 

 

 

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