No Dia do Estudante, os pedidos para a educação após a pandemia
Pesquisa mundial mostra descontentamento de brasileiros e desejo de melhora em ensino online e igualdade de aprendizado
Um estudo global do grupo Pearson, gigante do setor de educação, mostra que os brasileiros são os mais descontentes com suas escolas na pandemia, mas também os que dão mais importância para a educação formal. E querem mudanças!
Segundo a pesquisa, que ouviu 7 mil estudantes de várias idades em sete países, 50% dos brasileiros querem que o governo forneça computadores e conexão para estudantes desfavorecidos. E 44% pedem aumento no salário dos professores.
Mas, neste Dia do Estudante, há pelo menos três desejos comuns aos alunos entrevistados para o futuro da educação pós-pandemia.
Ensino online melhor
Para 91% dos brasileiros, a educação online chegou com o Covid-19, mas deve permanecer entre nós do Ensino Fundamental ao Superior. E, por isso mesmo, ela deve melhorar. Para 75% dos pesquisados, as escolas são menos eficazes que outros setores no uso da tecnologia. E têm razão: principalmente no sistema público de ensino, chegou a haver um apagão na quarentena.
Ensino mais igual
O estudo mostra que 70% dos entrevistados estão preocupados com a possibilidade de a pandemia aprofundar a desigualdade já no Ensino Básico. Esse número é ainda maior no Brasil: 78%. Por aqui, 74% das pessoas acreditam que o ensino online tem o potencial de ampliar o acesso à educação de qualidade, mas 90% veem que nem todo mundo tem acesso à tecnologia necessária para aprender à distância. Por isso, 92% acreditam ser importante que as escolas façam mais para combater a desigualdade econômica e digital entre os alunos.
Universidade mais conectada ao mercado
Diante da crise que devemos continuar enfrentando mesmo após a criação (nossa torcida!) de uma vacina contra o coronavírus, os estudantes cobram do Ensino Superior o papel de ajudar as pessoas a voltarem a trabalhar. Para 77%, as universidades focam demais em alunos tradicionais, mas deveriam ter mais opções para adultos. No Brasil, esse número chega a 80%. E 88% dos brasileiros dizem que as universidades precisam fazer mais para treinar e qualificar trabalhadores desempregados. Entre os soluções esperadas estão o oferecimento de cursos mais curtos e alternativas de menor custo para quem está sem emprego.
Avaliação de mal a pior
Os brasileiros são os mais insatisfeitos com a atuação das escolas durante a pandemia. Para 53% dos estudantes daqui, o sistema educacional deixou os alunos na mão durante a quarentena causada pelo coronavírus. Na média mundial. o descontentamento é de 34%.
Os brasileiros também são os mais críticos à qualidade do ensino: 75% não acreditam que o nosso sistema ofereça educação de boa qualidade para todos os alunos do país. Na média mundial, 41% acham isso. E a má notícia é que, enquanto a educação de outros países ganhou pontos de confiança de 2019 para cá, a nossa perdeu.
Ainda que estejam infelizes com as próprias escolas, os brasileiros veem na educação formal um passo muito importante da vida. Para 84% dos brasileiros, a educação é algo em que é preciso investir para atingir metas no trabalho e na vida. No mundo, a média é de 70%.
O estudo
A pesquisa, conduzida em parceria com a Harris Insights & Analytics, ouviu 7 mil estudantes com idades entre 16 e 70 anos em 7 países: Austrália, Brasil, Canadá, China, Estados Unidos, Índia e Reino Unido. A margem de erro do estudo é de 1 ponto percentual.