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Instituto Butantan: conheça o centro de pesquisa da CoronaVac no Brasil

Ele existe há mais de 100 anos, sendo responsável por uma série de avanços científicos

Por Giulia Gianolla, Juliana Morales
Atualizado em 23 fev 2021, 11h57 - Publicado em 8 jan 2021, 21h07

O processo de criação, testes e aprovação da vacina Coronavac, parceria do brasileiro Instituto Butantan com a empresa chinesa Sinovac, foi – e continua sendo –  alvo de uma maciça campanha de desinformação, acompanhada por teorias conspiratórias e xenofobia.O imunizante em questão tem uma eficácia de 78% em casos leves de covid-19 e 100% em casos graves.

Em meio a brigas políticas e negacionismo, as funções, os feitos e a história do principal centro de pesquisa vinculado à Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo acabam desconhecidas por grande parte da população. 

Diante da sua relevância, ainda maior, no contexto atual, GUIA para um pouco o fluxo das notícias para apresentar devidamente o Instituto Butantan aos estudantes. Ele existe há mais de 100 anos, é responsável por uma série de avanços científicos, mas talvez você não conheça. Bora?

O que é o Instituto Butantan e o que ele faz

O Instituto Butantan é um centro de pesquisa localizado na Zona Oeste da capital paulista. Hoje, ele é o principal produtor de imunobiológicos do Brasil e de grande parte dos soros hiperimunes e antígenos vacinais que compõem as vacinas disponíveis no Programa Nacional de Imunizações (PNI), do Ministério da Saúde.

As principais ações do Instituto são voltadas para o desenvolvimento de pesquisas nas áreas de biologia e biomedicina e para a produção de vacinas, soros e biofármacos para uso humano, em escala nacional e internacional. Ele realiza missões científicas dentro e fora do país em parceria com organizações como a ONU (Organização das Nações Unidas) e da Unicef (Fundo Internacional de Emergência para a Infância das Nações Unidas). 

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Uma outra função importante do Butantan que é pouco conhecida é a capacitação de novos cientistas, por meio de cursos e iniciação científica. Há programas de especialização, pós-graduação e MBA em diferentes áreas da saúde, desde a pesquisa, inovação, e patenteamento, até a parte de produção e comercialização de produtos.

Instituto Butantan e a vacina CoronoVac
Instituto Butantan e a vacina CoronoVac (Instagram Instituto Butantan/Reprodução)

A importância para São Paulo e para o Brasil

O Instituto Butantan é o principal produtor de imunobiológicos do Brasil. Ele é responsável pela produção de mais de 100 milhões de doses de vacinas por ano, que são entregues ao programa Nacional de imunizações do Ministério da Saúde. Ele responde por metade da produção brasileira de vacinas e por 90% dos soros contra venenos usados no Sistema Único de Saúde. Em 2018, ofereceu 60 milhões de doses de vacinas da gripe para o SUS. Os pesquisadores da instituição também desenvolvem pesquisa básica na área de Biologia e Biomedicina, sempre em relação com a saúde pública.

Além da atividade nacional, o Butantan atua no Exterior por meio das Organizações Mundial e Panamericana da Saúde, Unicef e a ONU. Além de colaborar no combate a surtos epidêmicos com órgãos da Secretaria da Saúde e do Ministério da Saúde, National Institute of Health dos EUA e Bill & Melinda Foundation, fundação criada pelo fundador da Microsoft dedicada a pesquisa e ações comunitárias em saúde.

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História

No fim do século 19, entre 1898 e 1899, um surto de peste bubônica atingiu a região de Santos (SP), propagando-se a partir do porto da cidade. A disseminação da doença levou a administração pública estadual a reunir cientistas e criar um laboratório para desenvolver um soro para combater a peste.

Esse laboratório foi instalado na Fazenda Butantan e ganhou em 1901 a alcunha de instituição autônoma e o nome Instituto Serumtherápico. Seu primeiro diretor foi o médico sanitarista Vital Brazil, que hoje dá nome a ruas e escolas por todo o país por seu trabalho pioneiro no desenvolvimento de soros e vacinas.

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Nos anos 1930, após o movimento armado que colocou Getúlio Vargas no poder, o Instituto mudou de classificação, sendo denominado centro de medicina experimental, direcionado a estudos de medicina humana e dos animais venenosos, e responsável não só pela produção de imunobiológicos. Com o crescimento de tensões na Europa, que na época estava à beira de iniciar a Segunda Guerra Mundial, vários médicos e estudiosos vieram para o Brasil e ajudaram a acelerar o desenvolvimento do Instituto.

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No entanto, com a implantação do Estado Novo, veio também uma onda de xenofobia e autoritarismo que gerou uma grande crise na administração do Butantan. Foi determinado que o novo diretor seria escolhido pelo governo estadual, os pesquisadores estrangeiros foram retirados de seus cargos e inquéritos impediram o funcionamento de vários setores de pesquisa. O foco do Instituto virou desenvolver soros antitetânicos e antidiftéricos para uso das tropas brasileiras instaladas na Itália, além do início do projeto para fabricar a penicilina.

A partir da redemocratização, em 1945, ainda com altos e baixos ao longo dos anos por mudanças de direção ou cortes de gastos, o Instituto conseguiu se fortalecer e desenvolver campanhas, como a da vacinação contra a difteria, o sarampo e, principalmente, da erradicação da varíola no país. A partir dos anos 1970, consolidou-se como a instituição central na produção de imunobiológicos para a saúde pública nacional, posto que ocupa até hoje.

Em seu site, o Instituto disponibiliza uma linha do tempo interativa para conhecer a história da instituição contextualizada com a história do Brasil.

Depois da pandemia: como conhecer e aproveitar o Instituto

O Butantan não é só para cientistas. Para os curiosos, há várias atrações para conhecer mais sobre o instituto e sobre os seres vivos estudados por lá. Quatro museus, um macacário, um serpentário, um reptilário e um parque fazem parte da estrutura aberta para visitação – em tempos não pandêmicos, claro.

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O complexo organiza uma série de eventos e programações para atrair visitantes, como o Férias no Butantan, que conta com atividades ao longo dos meses de janeiro e julho para crianças e jovens.

Durante a pandemia, as estruturas para visitação estão fechadas. Maaas, quando as portas reabrirem, é uma ótima oportunidade para conhecer um pouco mais do Instituto, que já é tão importante para a história do país, agora, com a vacina, será ainda mais! 😉

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