A montadora Ford anunciou nesta segunda-feira (11) que não terá mais produção de veículos em suas fábricas no Brasil. A marca mantinha fábricas em Taubaté (SP), Camaçari (BA) e Horizonte (CE), para jipes Troller. Em 2020, a empresa fechou o ano como a quinta montadora que mais vendeu carros no Brasil, com 7,14% do mercado.
A saída do território nacional deixa mais de 6 mil funcionários e um legado de 100 anos de atividades. A montadora seguirá vendendo seus veículos no Brasil, mas produzidos pelos vizinhos Argentina e Uruguai. O Centro de Desenvolvimento de Produto, o campo de provas e a sede administrativa continuarão por aqui, todos nos estado de São Paulo.
GUIA trouxe 5 fatos importantes relacionando a Ford e a história recente do Brasil e do mundo.
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1) Mercado de automóveis e queda de vendas
O setor automobilístico foi de grande importância para o estabelecimento do Brasil como um país emergente. A própria história da industrialização no país se mescla com a história das primeiras montadoras chegando por aqui. De acordo com os dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), 22% do PIB brasileiro vêm diretamente desse setor, com a produção ficando em 10º lugar na lista mundial.
Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea, explicou em uma live que o setor automobilístico enfrenta grandes dificuldades com o período de pandemia. Com uma perda de receita no valor de R bilhões, as montadoras enfrentam o aumento nos custos de materiais importantes para a fabricação; como o aço que, mesmo sendo comprado em território nacional, segue o câmbio do dólar americano.
No comunicado divulgado ontem, Lyle Watters, presidente da Ford América do Sul, afirma que atualmente a fabricação de automóveis no Brasil é diretamente prejudicada pelo cenário econômico em crise. “A continuidade do ambiente econômico desfavorável e a pressão adicional causada pela pandemia deixaram claro que era necessário muito mais para criar um futuro sustentável e lucrativo”, disse.
2) Crescimento do transporte alternativo
Na última semana, Elon Musk se tornou o homem mais rico do mundo, passando na frente de Jeff Bezos, fundador da varejista online Amazon. Musk é o grande nome por trás da Tesla, empresa de tecnologia que, entre outras criações, foca na produção de veículos elétricos.
A alta valorização das ações da Tesla só provam a tendência de crescimento dos veículos que não necessitam de combustível fóssil para andar. A tecnologia elétrica é uma das grandes apostas do futuro e é frequentemente tema de discussões ambientais – que têm chances de entrarem em voga com a posse de Joe Biden nos Estados Unidos.
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Empresas como o Google e Apple estão na corrida para lançarem suas versões. A própria Ford já tem um veículo disponível na versão gasolina, plug-in e híbrida, o Ford Escape.
A tendência de eletrificação se junta à onda de transportes alternativos, como bicicletas e patinetes alugáveis, que têm feito sucesso em grandes centros urbanos.
3) História e tamanho da Ford no Brasil
A Ford teve a primeira fábrica de automóveis do Brasil, inaugurada em 1º de maio de 1919, em São Paulo. O modelo de automóvel fabricado na época era o Ford T, conhecido como Ford Bigode. De lá para cá a Ford se tornou a 5° maior montadora do país com 7,14% do mercado.
Em 2020 foram vendidos 139.897 produtos entre automóveis, comerciais leves e caminhões, segundo o Raio-X da Ford no Brasil elaborado pelo site G1. No Brasil há 6.171 colaboradores da empresa e cerca de 5 mil empregos podem ser afetados aqui e na Argentina, segundo dados preliminares da marca.
4) Greves dos Metalúrgicos do ABC
No período da Ditadura Militar no Brasil, muitas fábricas da Ford e de outras montadoras do ABC Paulista (Santo André, São Bernardo do Campo e São Caetano do Sul) foram os locais de nascimento de um novo movimento sindical que influenciou determinantemente a abertura democrática, além do surgimento da Central Única dos Trabalhadores (CUT), em 1983, e da Confederação Geral dos Trabalhadores (CGT), em 1986.
Em 1980, as bases para a formação do Partido dos Trabalhadores (PT) foram construídas pelas greves do Sindicato dos Metalúrgicos e a liderança de Luiz Inácio Lula da Silva, que se tornaria presidente do Brasil, anos depois.
O período é retratado no documentário ABC da Greve (Leon Hirzman, 1990, disponível na Amazon Prime Vídeo), que também mostra como as greves do período foram além das fábricas.
5) Henry Ford e o Fordismo
O engenheiro Henry Ford (1863 – 1947) revolucionou a indústria automobilística dos Estados Unidos criando em sua empresa, a Ford Motors Company, uma linha de produção que foi conhecida como Fordismo.
Funcionava assim: funcionários especializados ficavam enfileirados e repetiam a mesma tarefa em diferentes peças, que chegavam até eles por meio de esteiras. Essa linha de produção possibilitava que os automóveis fossem produzidos de forma rápida, em grande quantidade, além diminuir o preço final.
Outra premissa do fordismo era garantir bons salários para que os funcionários pudessem consumir os automóveis que produziam.
6) Fordlândia no meio da floresta
Henry Ford teve um projeto faraônico no Brasil. A revista Aventuras na História relata que Ford queria criar duas cidades em estilo americano à beira do rio Tapajós, no Pará. O objetivo desta “Fordlândia” era explorar a borracha, obtida do látex extraído de seringueiras da Amazônia.
No entanto, a implementação da ideia foi marcada por uma sucessão de erros e após 18 anos de trabalho, restou apenas o prejuízo de 130 milhões de reais da época, equivalente a 9 milhões de dólares.
7) Qual carro Ford será vendido no Brasil?
A Ford seguirá vendendo seus produtos importados, principalmente oriundos das unidades de Argentina e Uruguai. Já os modelos nacionais – Ka, EcoSport e Troller T4 – terão suas vendas interrompidas assim que terminarem os estoques.
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