Na última quinta (14), um decreto estadual suspendeu a realização do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) no Amazonas, devido à calamidade provocada pelo aumento no número casos de covid-19. Aproximadamente 160 mil inscritos fariam a prova nos dias 17 e 24 de janeiro. O estado também enfrenta a falta de leitos e de oxigênio nos hospitais, o colapso no sistema de saúde levou pacientes a serem transferidos para outras unidades do país.
O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) anunciou nas redes sociais que aplicará a avaliação no estado, nos dias 23 e 24 de fevereiro. A data prevista no calendário era reservada apenas aos candidatos que tiveram problemas com infraestrutura ou foram diagnosticados com alguma doença infectocontagiosa.
https://twitter.com/inep_oficial/status/1350212063759638531?s=20
“Me sinto em um verdadeiro cenário de guerra, pessoas morrendo a todo momento. Não adiar o Enem, seria prolongar mais ainda a segunda onda de covid-19 no Amazonas”, afirma a estudante Hellen Saldanha, 17 anos, que mora em Presidente Figueiredo (AM).
Durante a quarentena, na preparação de Hellen para o vestibular, ela sentiu diversas dificuldades. A ausência de um professor presencialmente para tirar dúvidas tornou os estudos ainda mais difíceis. Essa situação colocou em risco a sua saúde mental em diversos momentos, porque ela ficava bastante preocupada com o bem-estar de amigos e familiares.
Mas Hellen vê como acertada a determinação do governo estadual. “Concordo com a decisão do adiamento da prova no Amazonas, assim como deveria ser em todo o país, visto que em 2020 o Inep lançou uma consulta aos estudantes, fazendo um levantamento de datas para a realização do Enem em 2021, porém, a decisão de realizar a prova em maio não foi respeitada”, afirma.
Em Manaus, a estudante Dara Carvalho, 18, que completou o ensino médio no ano passado, está tranquila em relação ao adiamento da prova. Ela conta que a preparação para o Enem foi um pouco complicada justamente pela ausência física dos professores. “Não consegui tirar dúvidas direito. Ficamos à mercê das mensagens. Às vezes não dava para entender o que os professores pediam nas redações. E também tínhamos a preocupação de não encher o saco deles”.
Segundo a jovem, a compreensão da situação dramática vivida na cidade a ajudou a não desenvolver um quadro de ansiedade ou depressão. “Eu sei que a prova um dia vai chegar. O que podemos fazer até lá é estudar. A gente quer fazer logo para se livrar de tudo e curtir, mas aqui na minha cidade está faltando oxigênio para as pessoas com covid-19. Compreendo a decisão”, comenta.
O sentimento de medo e apreensão são unânimes entre os estudantes amazonenses. A preparação da manauara Ana Yasmin, 20 anos, foi conturbada. Apesar de ter acesso à internet, onde conseguia ver os conteúdos com facilidade, ela sentiu que o isolamento afetou os estudos. “As preocupações tomaram de conta e as incertezas sobre o futuro vieram à tona”, comenta. Mas ela achou prudente a adiamento do Enem. “Aglomerar pessoas quando não existe capacidade mínima de socorrê-las é desumano. Uma prova pode ser cancelada em prol de que vidas não sejam perdidas”, afirma.
“Minha preparação para o Enem tem sido solitária. Tenho estudado sozinha em casa, com auxílio da internet e de materiais que tenho do ensino médio. Mas minha maiores dificuldades têm sido em me concentrar e saber quais os assuntos que devo estudar”, comenta Adriana Sousa de Oliveira, 25 anos, que também faria o Enem na capital do estado.
Para ela, o Governo Federal não está tomando as medidas necessárias para conter a propagação do novo coronavírus. “Não deveria haver aglomeração de estudantes durante cinco horas em salas, mesmo que sejam tomadas as medidas necessárias não dá para saber quem está contaminado ou não. Pessoas estão morrendo diariamente”, comenta.
Apesar da alta do número de casos de covid-19, o Inep manteve a aplicação do Enem no restante do país para os dias 17 e 24 de janeiro
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