O que começou como uma ameaça de corte às áreas de Humanas já atingiu todas as universidades federais do Brasil e até institutos de Ensino Básico. Ontem (8), a pesquisa foi a afetada. A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), fundação do MEC responsável pelo fomento à pós-graduação no país, suspendeu a concessão de novas bolsas de mestrado e doutorado.
Segundo a fundação, foram recolhidas as “bolsas ociosas”, que já estavam à disposição das universidades no último mês mas ainda não haviam sido utilizadas. Ou seja, as bolsas que constavam no sistema como disponíveis para serem implementadas, foram zeradas. Essas bolsas “ociosas” correspondiam aos alunos que acabaram de finalizar suas pesquisas e deveriam ser destinadas a novos pesquisadores.
Apesar de não afetar alunos que já tinham suas bolsas em andamento, a medida pegou desprevenidos aqueles que acabaram de ser aprovados no mestrado ou doutorado e que pretendiam recorrer ao Capes para solicitar o auxílio. Atualmente, o valor destinado por estudante é de R$ 1,5 mil no mestrado e R$ 2,2 mil no doutorado.
O corte atingiu pesquisas das mais diversas áreas. Só no Instituto de Biociências da USP, 38 bolsas foram cortadas. Segundo levantamento preliminar da Unicamp, ao menos 40 bolsas foram suspensas. Na UFC (Universidade Federal do Ceará) foram 61 e na UEL (Universidade Estadual de Londrina) pelo menos 38.
Na Capes, o total congelado de seu orçamento chegou a cerca de R$ 819 milhões. Além da suspensão das bolsas, a fundação prevê ainda outras medidas de redução de gastos daqui para frente. Uma delas é uma redução gradativa, prevista para os próximos dez anos, de bolsas concedidas a cursos com nota 3 (que corresponde hoje à “nota de corte” do Capes). A outra é a suspensão de bolsas do Idioma Sem Fronteiras, programa que se originou do Ciências sem Fronteiras e que tem como foco, entre outros, a capacitação de professores de línguas estrangeiras.