Por Gabriela Del Carmen, Maria Carolina Moura e Stephanie Cid/ Esquinas
As mães que viam o sofrimento diário de suas filhas por causa de uma doença que não respondia aos remédios não imaginavam que uma planta de cultivo proibido seria a solução de seus problemas. A maconha foi a alternativa para a filha de Patrícia Rosa realizar atividades comuns que eram imposibilitadas pelas crises de epilepsia. “A Deborah não conseguia dormir, brincar ou fazer refeições completas”, relembra.
Apesar de oferecer muitos benefícios, o tratamento da epilepsia severa com a maconha ainda é difícil. O uso medicinal da planta só pode ser concedido por autorização judicial e, até 2015, apenas com a importação da substância. Devido à luta de Margarete Brito, primeira mulher a conseguir plantar maconha em casa legalmente no Brasil para cuidar de sua filha, o cultivo da cannabis para tratamento se tornou possível. Brito comenta que os altos custos e burocracia ainda são os maiores obstáculos para quem necessita da planta.
Por a maconha ser vista somente como uma droga recreativa, há certa resistência ao tratamento.
Maria Aparecida de Carvalho, mãe de Clárian, sentiu o estigma da cannabis quando aplicou o medicamento na filha, com crises epilépticas. “Eu fui xingada, excluída de grupos. As pessoas falavam que eu era uma maconheira me escondendo atrás da minha filha”.