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O que é interseccionalidade?

O Big Brother Brasil 20 está servindo de objeto para discutir sobre questões sociais, como o feminismo e o racismo

Por Juliana Morales
Atualizado em 9 ago 2023, 12h20 - Publicado em 8 abr 2020, 18h39
 (Pixabay/Lucas Silva/Guia do Estudante/Reprodução)
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Com episódios polêmicos e personagens extremos, o Big Brother Brasil 20 está servindo de objeto para discutir sobre questões sociais, como o feminismo e o racismo, e potencializar problematizações que já vêm sendo feitas nas redes sociais. Você pode até não assistir, mas os assuntos que têm marcado o programa aparecem nas redações de vestibulares dos últimos anos. E seguirão aparecendo.

Logo no início do jogo, Babu, um ator negro, foi excluído das rodinhas. Além disso, a forma como Thelma, também negra, era tratada, em algumas situações, por Gizelly, Ivy e a última eliminada da edição, Marcela, foi o mote para abrir o debate sobre o feminismo branco e o silenciamento dos discursos minoritários (de raça, etnia, orientação sexual) dentro da luta das mulheres por igualdade de gênero.

 

Esse silenciamento fortalece a invisibilidade das demandas específicas de mulheres negras, asiáticas, indígenas e outras minorias raciais no movimento feminista. Mas essas outras vozes feministas servem, justamente, para questionar um modelo elitista, de classe média branca e urbana, que não abraça todas as nuances e todas as demandas em jogo.

Feminismo Interseccional

Desde o início do século 20, no movimento sufragista, mulheres como Sojourner Truth, escrava negra que falou da dupla opressão de ser mulher e negra, denunciaram o feminismo como um movimento não representativo da realidade e opressões de todas as mulheres.

Em 1989, a ativista Kimberlé Crenshaw cunhou o termo interseccionalidade. Ele se refere a como cada indivíduo sofre opressões com base nas diferentes categorias sociais em que se encaixa: em relação a gênero, raça, classe, etnia, deficiência, sexualidade.

Segundo o conceito, as opressões não são categorias separadas ou independentes. Elas devem ser analisadas simultaneamente para compreender a sua identidade: por exemplo, não se deve separar a experiência de ser “mulher” da experiência de ser “negra”, ela deve ser vista como uma “mulher negra”.

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E quanto mais uma pessoa se desvia do padrão (homem branco rico heterossexual…), ela sofrerá mais opressões. Assim, uma mulher negra de classe média que trabalha como médica e não é a mesma de uma mulher negra imigrante pobre, devido ao componente de classe, por exemplo.

 

O feminismo interseccional não busca unificar, mas, sim, mostrar as diferentes necessidades e experiências de todas as mulheres. Para complementar a teoria feminista, nesse sentido, existem os tipos dessa vertente, como o feminismo negro, o feminismo indígena, o feminismo lésbico e o transfeminismo.

Exemplo

A cantora, compositora e ativista sergipana Bia Ferreira criticou o feminismo branco na sua música “De dentro do ap”. Ela retrata a realidade das mulheres negras, que muitas vezes não se sentem representadas pelo movimento. “Quantas vezes você correu atrás de um busão pra não perder a entrevista, pra chegar lá e ouvir um ‘não insista’” ou “quando foi que cê pisou numa favela pra falar sobre seu feminismo?“, diz um dos trechos da canção. 

Confira o clipe:

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