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A ‘guerra de balões’ coreana pode virar conflito armado?

Provocações entre a Coreia do Sul e Coreia do Norte já duram mais de 70 anos. Professor explica como começou e se os desdobramentos podem ser mais graves

Por Ludimila Ferreira
Atualizado em 13 jun 2024, 19h42 - Publicado em 13 jun 2024, 19h00
Balões carregando folhetos anti-Coreia do Norte são lançados por desertores norte-coreanos, agora vivendo na Coreia do Sul, em 26 de março de 2016 em Paju, Coreia do Sul. Os panfletos também denunciam o governo norte-coreano pela situação dos direitos humanos.
Balões carregando folhetos anti-Coreia do Norte são lançados por desertores norte-coreanos, agora vivendo na Coreia do Sul, em 26 de março de 2016 em Paju, Coreia do Sul. Os panfletos também denunciam o governo norte-coreano pela situação dos direitos humanos.  (Chung Sung/Getty Images)
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Há semanas, Coreia do Sul e Coreia do Norte travam uma disputa que, aos olhos do restante do mundo, pode soar como pirraça, mas está longe de ser uma novidade para as duas nações. Na chamada ‘guerra de balões’, o sul envia pen drives com músicas k-pop, o pop sul-coreano, e o norte envia lixo e fezes para o outro lado da fronteira. Com o aumento repentino dessas provocações, é de se pensar na possibilidade de um desdobramento mais violento, como um conflito armado na península coreana, dividida em duas desde fim da Segunda Guerra Mundial. Será possível?

Relembre abaixo o conflito histórico entre as duas Coreias e entenda se o embate de balões entre Coreia do Sul e Coreia do Norte pode se tornar uma guerra de verdade. 

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Cocô x K-pop

K-Pop no Enem: gênero musical foi citado em questão envolvendo conflito entre as duas Coréias
K-Pop no Enem: gênero musical foi citado em questão envolvendo conflito entre as duas Coréias (Wikimedia Commons/Luccas Diaz/Guia do Estudante)

Assim como mostrou uma questão do Enem 2023 (Exame Nacional do Ensino Médio), a Coreia do Sul possui, há algum tempo, alto-falantes na fronteira com a Coreia do Norte. Por meio deles, o país costuma divulgar notícias e toca k-pop – uma forma de provocação e de romper com a censura imposta pelos vizinhos do norte. Os insultos com balões também não são coisa nova. Durante anos, várias ONGs sul-coreanas colocavam em balões pen drives com músicas e cartas, e soltavam esses balões para que caíssem na Coreia do Norte, disseminando propagandas proibidas no país.

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Os balões com fezes e lixo foram um retaliação norte-coreana aos primeiros balões vindos do sul da península. De acordo com o professor de Geografia Sebastian Fuentes, do Curso Anglo, é uma forma da Coreia do Norte dizer que equipara a cultura sul-coreana a lixo e fezes. Essa provocação levou a mais uma resposta dos sul-coreanos, que enviaram ainda mais balões com artigos culturais. E o ciclo parece não ter fim.

A disputa corriqueira entre os dois países escalou há algumas semanas, quando a Coreia do Norte resolveu revidar com o teste de um míssil. Em resposta, o sul rompeu definitivamente com um acordo firmado entre os países em 2018, sob o intermédio dos Estados Unidos, que reduzia as tensões e diminuía o risco de um ataque nuclear, já que a Coreia do Norte desenvolve armas do tipo. O acordo prometia a desnuclearização da península, mas já estava desgastado há alguns anos.

Segundo Fuentes, a possibilidade da “guerra de balões” se tornar um conflito armado é baixa, já que estas provocações têm ocorrido há mais de 70 anos. Mas, apesar de não estar a ponto de explodir, a guerra também está longe de acabar.

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74 anos de provocações

Soldados americanos combatendo tropas chinesas na Coreia, em dezembro de 1950.
Soldados americanos combatendo tropas chinesas na Coreia, em dezembro de 1950. (Reprodução/Wikimedia Commons)

A península da Coreia foi dividida após a Segunda Guerra Mundial, em 1948, quando Estados Unidos e União Soviética decidiram se tornar responsáveis cada um por um lado do país durante a Guerra Fria. Influenciada pela URSS e pela China, a Coreia do Norte invadiu a Coreia do Sul em 1950, e é quando teve início a Guerra das Coreias. O objetivo era reunificar o país à força, e deixou um rastro de destruição. Estima-se que de quatro a seis milhões tenham morrido.

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O conflito durou três anos até ocorrer o armistício de Panmunjom, acordo formal no qual as duas partes estabeleceram um cessar-fogo. Porém, de acordo com o professor de Geografia, a guerra nunca acabou formalmente, ela apenas entrou em uma pausa e segue assim até hoje. A “guerra dos balões” é apenas mais um capítulo.

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