Vinda de duas grandes universidades públicas brasileiras, a Universidade Federal do Piauí (UFPI) e a Universidade de São Paulo (USP), a piauiense Joanna Carola ganhou na última terça (8) mais um motivo para se orgulhar de sua trajetória. O seu mentor na Universidade de Oxford — onde Joanna desenvolve doutorado na área de Ciências Biológicas — foi agraciado com o Nobel de Medicina de 2019. Joanna é a única brasileira na equipe de pesquisas de Peter Ratcliffe.
Os estudos voltados a alterações nas células cancerígenas foi o que aproximou a pesquisadora do campo de estudos de Ratcliffe. Ainda na graduação em Biologia na UFPI, Joanna começou a estudar a atrofia muscular e perda de peso associada ao câncer e avançou nas pesquisas até as causas desses sintomas.
Foi no doutorado, financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), que Joana chegou ao termo bastante citado nesses últimos dias, a “hipóxia” — e também ao cientista Peter Ratcliffe. A hipóxia é a diminuição da taxa de oxigênio no organismo, diminuindo a oxigenação celular. É um clássico comportamento de células cancerígenas, estudado pelo ganhador do Nobel há anos.
Foi por isso que Joanna, já estudando na USP, decidiu procurá-lo para propor uma espécie de uma pesquisa conjunta na Universidade de Oxford. Desde então, integra a equipe de pesquisadores de Ratcliffe. Em entrevista ao portal G1, ela contou a experiência de trabalhar com o cientista: “Desde que cheguei, aprendi técnicas, participei de discussões científicas únicas. Nos reunimos semanalmente no laboratório e ele sabe o nome de todos que estão na equipe”.
Foi durante uma dessas reuniões semanais, inclusive, que Ratcliffe foi informado sobre seu prêmio. Joana conta que ele saiu da sala para atender o telefonema, retornou, conduziu a reunião até o fim e só depois contou à equipe sobre o Nobel.
Joanna, que estudou grande parte do Ensino Básico em escolas públicas, não imaginava que a educação e ciência fossem levá-la tão longe: “Sair do Piauí e ir pra São Paulo já era algo muito grande, quase impossível de conseguir. Depois estudar fora do país foi um grande passo, ser agraciada com um supervisor ganhador do Nobel foi uma honra, não tinha palavras. São poucos os cientistas que conseguem isso e estou dentro dessa porcentagem”, afirmou na entrevista.